terça-feira, 6 de abril de 2010

Linux, suas versões compactas e o meio ambiente

         Como trabalho com análise de sistemas e já uso o Linux há quase dez anos, resolvi dar minha opinião  sobre ele e descrever o funcionamento de determinadas distribuições do Linux. Já tive oportunidade de usar pelo menos as principais distribuições do Linux no mercado ou parte dele, pois existem milhares delas na internet. Como usuário básico deste sistema, ainda tenho algumas dificuldades com ele, mas nada que me impeça de usá-lo e de me movimentar por ele, até porque procuro tutoriais na internet para saber de seus comandos. Minha iniciação em Linux começou em 2001, quando ganhei de um colega um CD do Red Hat de revistas de informática. Depois disso, usei Debian (que uso até hoje nas minhas máquinas), Slackware, Knoppix e outras que não lembro agora. Destas versões, a que mais gostei para máquinas desktop foi o Kurumin, principalmente a versão 7. Foi a melhor versão de Linux feita para usuário final até agora.
  
       O Kurumin era uma fusão do Debian com Knoppix e tinha como ambiente gráfico o KDE. Este sistema era fácil e intuitivo de usar e configurar. Era voltado principalmente para o usuário final e ainda tinha a vantagem  de ser compativel com a maioria dos hardwares disponíveis do mercado. Este sistema foi criado por Carlos Morimoto, do site Guia do Hardware, e foi descontinuado no início de 2008. Não se sabe ao certo porquê ele foi descontinuado. Morimoto disse que havia briga entre os programadores do Kurumin e  também falta de tempo disponível para se dedicar a ele. Assim, decidiu descontinuá-lo. Um grupo de programadores independentes tentou ressucitá-lo, sob o nome de Kurumin 8 NG, meses depois de Morimoto descontinuá-lo, porém acabou não indo adiante e o sistema foi definitivamente abandonado, o que é uma pena. Era uma das únicas versões de Linux voltadas para usuário final com condições reais de competir face a face com o Windows XP e o Vista na época do seu fim e que se estivesse de pé até hoje poderia ter plenas condições de competir com Windows 7 tranquilamente. Uma curiosidade sobre o Kurumin e o Morimoto: o Kurumin é carioca, foi criado aqui no Rio de Janeiro, na UFRJ, onde Morimoto leciona, mais precisamente no campus do Fundão, ao invés de Curitiba, onde todo mundo pensava que o sistema dele tivesse sido criado (inclusive eu). Morimoto é professor da UFRJ e ainda mantém o site Guia do Hardware e escreve diversos livros de informática. Esse é um dos motivos que o fizeram abandonar o Kurumin, pois não estava tendo tempo suficiente para se dedicar, além das brigas entre os programadores. Foi uma pena ele ter feito isso. Poderia ao menos terceirizá-lo ou mesmo criar uma instituição sem fins lucrativos e ali colocar estagiários de informática para gerir e atualizar o Kurumin constantemente, mas preferiu tomar esta atitude drástica.
     

  

       Diante disso o Ubuntu, versão de Linux baseada no Debian e criado e mantido pela Canonical, vem crescendo ano a ano. É uma versão fácil e intuitiva de Linux, mas com algumas falhas no que se refere a recursos e drivers para máquinas antigas que até tem suporte, mas sua instalação é relativamente complicada e, às vezes, a habilitação dos dispositivos tem que ser feita manualmente cada vez que se entra no sistema. Outras duas falhas que percebi nele é no que se refere à detecção e gerenciamento de hardware: não há opções de detecção e localização de dispositivos como há, por exemplo, no Kurumin. E, além disso, em qualquer local que se entre no sistema é pedida uma senha de adminstrador. Do ponto de vista da segurança isso pode ser muito bom, mas do ponto de vista da praticidade e rapidez no acesso aos seus recursos, acaba sendo muito ruím e demorado, uma vez que se pede login e senha de adminstrador em setores do sistema que não precisam disso para serem acessados. É bom lembrar que estes problemas acontecem muito com versões  que vêm com o  ambiente gráfico Gnome (ambiente gráfico padrão do Ubuntu), coisa que não acontece quando ele vem com o ambiente gráfico KDE. Quando vem com ambiente gráfico KDE, ele passa a se chamar Kubuntu e em geral é muito mais fácil de usar, até porque lembra o Kurumin em seu uso, pois o mesmo também usava este  mesmo ambiente gráfico. O Ubuntu é um ótimo sistema, mas precisa corrigir estas falhas para se tornar ainda melhor.
         Mas o motivo deste texto não é descrever sobre estas distribuições de Linux que a maioira dos usuários conhece e usa, e sim descrever e incentivar o uso de versões minimalistas. Versões minimalistas são versões de Linux com kernel do mesmo atualizado e que são feitos para rodarem em máquinas antigas. São versões leves que não possuem aplicativos pesados em sua composição e que posuem ambientes gráficos também leves. Possuem tamanho geral máximo de até 200MB e assim como as versões mais pesadas do Linux, também rodam apartir de um CD e podem serem instalados em pendrives. Obviamente, seus boots são mais rápidos que as distribuições que citei anteriormente e, assim como as versões mais pesadas do Linux, fazem quase tudo o que elas fazem, com a diferença de serem mais leves e de não terem todos os recursos de detecção de hardware e de outros aplicativos como nas versões mais pesadas de Linux. Porém, é possivel editar textos e planilhas, acessar internet, reconhecem a maioria dos hardwares, sobretudo os antigos, lêem partição de Windows e, ainda, é possível ouvir MP3 e até assistir vídeos. Ou seja, faz o básico e o que o usuário precisa sem a necessidade de se usar uma máquina potente para isso. Com um simples 486 é possivel desfrutar disso tudo sem perdas e ainda fazer quase tudo o que faria numa máquina com processador Dual Core de maneira rápida e simples.
     Há várias versões de sistemas minimalistas no mercado. A maioria roda a partir do Pentium 1, mas há versões que rodam a partir do 486, como o DSL e o Slitaz. As versões por mim pesquisadas e testadas são estas: DSL, Feather, Puppy e Slitaz. Todas rodam a partir de CD e pendrive e ocupam espaço de até 200MB, sendo que no caso do DSL e do Slitaz ocupam menos de 100MB.


        Sobre o DSL, cuja sigla é Dann Small Linux, é uma distribuição minimalista baseada no Knoppix. Ocupa apenas 50MB de hd, CD, pendrive ou memória ram. Possui ambiente gráfico baseado no Fluxbox, que é o ambiente gráfico mais leve feito para Linux no mercado atualmente. Roda em máquinas a partir do Pentium 1 e com apenas 64MB de memória ram ou menos. Existe também uma versão mais aprimorada chamada N-DSL, mas que não foge muito da versão principal. Foi a primeira versão de Linux minimalista com que tive contato, em 2007. É uma versão muito estável e com um ambiente gráfico muito bom para um sistema tão pequeno. O único problema é no que se refere a sua instalação, pois é um pouco complicado instalá-lo juntamente com outros sistemas como o Windows, por exemplo. Ele não apaga a partição do Windows quando instalado, mas não cria menu de escolha de sistema, seja no Grub ou no Lilo, que são dois gereciadores de boot que vêm com ele. Já quando está carregado, reconhece a partição do Windows, lendo e escrevendo nele normalmente. E na versão antiga havia um menu de instalação mais amigável e mais fácil de usar. Na versão nova é um pouco mais complicado, mas ainda assim dá para instalá-lo sem sustos. Reconhece todos os periféricos da máquina, com excessão de placas de rede wireless, algo que ainda estou tentando fazer reconhcer no meu notebook. Tirando isso, ele é rápido, leve, vem com jogos, editor de texto, planilha e até software de banco de dados. Foi feito em inglês, mas o autor disponibilizou em outros idiomas como francês, alemão e espanhol, e em português ele disponibilizou um plugin que ainda não consegui instalar. Apesar destes contratempos, vale a pena instalá-lo.


      Já o Feather Linux é baseado no Debian, o que é uma grande vantagem, pois o torna compatível com versões de Linux como o Ubunto e ainda se pode instalar uma série de aplicativos e drivers feitos para este tipo de distribuição de Linux (como Wine, por exemplo). Assim como o DSL, usa como ambiente gráfico o Fluxbox e vem com o navegador Firefox. Também assim como o DSL, vem com editor de texto, planilha eletrônica, sofware de banco de dados e reconhece a maior parte dos periféricos do micro, mas também não consegui configurar rede wireless nele, embora nas placas de rede comum eles funcionem muito bem. É mais fácil de instalar que o DSL e reconhe as partições de outros sistemas tanto no gerenciador de boot como no sistema já carregado, lendo e escrevendo em partições de Windows normalmente. Por ser um derivado do Debian é possivel turbiná-lo instalando, além do Wine, o Star Office e vários softwares voltados para o Debian. É bastante rápido e estável.


       O Puppy Linux ou Linux do cachorro é uma versão que possui kernel de Linux próprio. Ele não é baseado no Debian, Red Hat ou Slackware, por exemplo. Foi criado do zero a partir do kernel básico do Linux. Tem um ambiente gráfico muito intuitivo e de fácil uso. Reconhece de forma fácil e rápida quase todos os periféricos do micro. Foi o único a reconhecer até agora placas de rede wireless e é o que apresenta mais facilidades de configuração de todos os periféricos. No caso da rede wirelles, ele acessa normalmente a rede caso não tenha qualquer tipo de bloqueio, porém caso queira colocar senhas ou WEPs para acessar redes bloqueadas, terá de acessar um script existente na pasta ETC existente no Linux, onde terá de incluir senhas e weps. Passarei tal arquivo e scripts em breve. Voltando ao assunto, as versões mais recentes deste sistema não rodam em máquinas muito antigas, como Pentium 1, por exemplo. Já existe uma versão em português deste sistema que vou disponibilizar no final do texto.


       Por último, tem o Slitaz, ou Linux da aranha. Ele ocupa em HD e memória ram apenas 26 MB e as versões mais modernas, 50 MB. Foi criado na Suíça e era escrito em francês, porém já existe uma versão em português. Possui um ambiente gráfico muito bonito, quase tão bem definido quanto o KDE e o Gnome, por exemplo, porém é muito leve. É facíl de instalar, mas ainda não reconhece dispositivos wireless. É o mais indicado dos quatro para máquinas como 486, por ser o mais leve de todos. Vale lembrar que, dos quatro, é o único que possui site oficial em português.

         Estou dando destaque aos sistemas minimalistas por vários motivos. O primeiro é que,  para aplicações leves e normais, e até para aplicações relativamente pesadas, não é preciso usar um sistema pesado ou mesmo uma configuração de hardware cara e pesada para  fazer a mesma coisa que pode ser feita numa máquina antiga e modesta e com um sistema relativamente leve. Em segundo lugar, ao utilizar estes sistemas, gera-se uma economia de custos quando se evita realizar trocas de máquinas e sistemas, pois além de serem gratuitos, com eles podem ser feitas as mesmas coisas que seriam realizadas numa  máquina  de grande capacidade de processamento, como acessar internet, fazer planilhas, acessar banco de dados, escrever textos, ouvir músicas e até mesmo jogar, dependendo do jogo. E ainda por cima diminui-se o prejuízo ao meio ambiente, pois evita-se que um micro em bom estado de conservação vá para os lixões e polua solos, ares, rios e mares com cádmio, chumbo, zinco, ácidos de toda natureza, etc. Vale lembrar que este é um dos grandes problema do planeta hoje: o descarte contínuo e  desenfreado de equipamentos eletrônicos e a sua destinação, pois quase sempre não se sabe bem o que fazer com eles. E, para piorar, sempre estão lançando coisas novas no mercado em menos de seis meses, gerando mais lixo eletrônico e quinquilharias em residências e empresas de uma maneira geral. Há ainda mais um detalhe: é uma pena depenar ou destroçar um equipamento eletrônico em bom estado e funcionando perfeitamente. Eu mesmo fico com dó dos meus e não faço isso. E tem também o lado social a ser considerado, pois máquinas como estas podem ser usadas em escolas de informática de bairros pobres, favelas e zonas rurais, onde as pessoas, sejam crianças, adultos ou idosos, aprenderiam de fato informática. Aprender informática através do Windows não é necessariamente aprendê-la de fato, já que aprende-se apenas coisas e produtos da Microsoft, quando na verdade existe uma verdadeira gama de softwares além do que esta produz. E é em sistemas como o Linux que se aprende de fato informática, pois as pessoas conhecerão de verdade seus computadores e os verão funcionando por dentro. Por isso aderi à campanha dos sistemas minimalistas, pois está demais esta oferta excessiva de equipamentos eletrônicos no mercado sem se levar em consideração as consequências disso no meio ambiente. Essa iniciativa, além de gerar economia de custos com a compra de um novo computador, evita que mais computadores sejam jogados fora à toa quando ainda podem funcionar por muito mais tempo e de forma tão eficiente quanto um novo.

        Sou a favor do Linux, pois não posso ser a favor de um monopólio cujo fundador não criou absolutamente nada, só roubou idéia dos outros, comprou as mesmas dos mais fracos e enriqueceu as custas disso e de intimidar fabricantes de computadores. Costumo comparar Bill Gates a Edir Macedo, pois em termos de caráter são bem parecidos. Por conta disso, sou defensor do Linux, por mais complicado que ainda seja seu uso, embora esta complicação venha desaparecendo ano após ano e em algumas versões, como o Kurumin, é até mais fácil de usar que o XP, por exemplo. Os sistemas da Microsoft felizmente não têm mais a mesma influência de antes, mesmo ainda dominando o mercado. Nós  precisamos fazer com que o Linux cresça mais e mais. Temos que aproveitar o fracasso do Vista e a não penetração do Windows 7 no mercado para que o Linux ocupe este espaço o mais rápido possível. Vale lembrar que na maioria das máquinas montadas (montadas pelo próprio usuário), as pessoas ainda instalam o XP ao invés do Vista ou do 7, por mais turbinada que esta máquina possa ser, o que mostra o fracasso e o desinteresse do mercado nestes sistemas. Eles estão vindo apenas em computadores montados em fábrica como os da Positivo, HP, Dell e Toshiba, por exemplo e, ainda assim, muitas vezes incompletos. Na verdade, ainda  falta alguma empresa grande acolher o Linux para que ele assuma seu lugar e destrone a Microsoft. O Google começou a fazer  isso a partir do Crome OS, mas até agora não deu continuidade. Tomara que retome o mais rápido possível. De qualquer forma, deixarei os links dos sistemas minimalistas para vocês conferirem, baixarem e instalarem em suas máquinas. É só!


Links:
Feater Linux site: http://featherlinux.berlios.de/
Para Baixar: http://featherlinux.berlios.de/download.htm

DSL Linux (Dann Small Linux) site:   http://www.damnsmalllinux.org
PAra Baixar: http://www.damnsmalllinux.org/download.html

Puppy Linux site: http://www.puppylinux.com/
Para baixar: http://puppylinux.org/main/index.php?file=How%20to%20download%20Puppy.htm
Versão em português para dowload: http://files.getdropbox.com/u/1189551/bigpupbr-beta1.iso

 Slitaz Linux:  site: http://www.slitaz.org/pt/index.html
 Para baixar: http://www.slitaz.org/pt/get/index.html

 DSl Linux-N site: http://www.damnsmalllinux.org/dsl-n/
 Para baixar: http://www.damnsmalllinux.org/dsl-n/download.html

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